Qual o papel da escola? Que escola queremos?

Pais e alunos, em todos os tempos, estão em busca de escolas de excelência. Muitas vezes, a expressão “ele estudou em uma boa escola” tenta justificar a formação de alguém. Não por outra razão, as propagandas das escolas privadas ressaltam as qualidades no ensino e na formação dos alunos, destacando aqueles aprovados em primeiro lugar, em cursos com vagas disputadas. Listas de alunos aprovados em vestibulares são apresentadas como indicador de qualidade. Realidade ou propaganda enganosa?

A pergunta que está na base da preocupação de todos é “Qual o papel da escola?”, ou ainda, “Que escola queremos? Para que sociedade?”.

Ao longo dos tempos, modelos pedagógicos foram propostos com o intuito de responder a essas questões; contudo, longe de atingir este objetivo, eram, na realidade, objeto de críticas. A formação de professores, por sua vez, não parecia responder às necessidades de uma sociedade em rápida evolução. A atuação destes profissionais, passados poucos anos de atividade, já era tida como desatualizada, e modelos importados de outros países pareciam não servir para nossa realidade. 

Eis que chega o ano de 2020 e, com ele, o novo coronavírus. Uma pandemia. A sociedade teve que se adaptar. A escola precisou encarar uma realidade para a qual não estava preparada. Muitos pais entraram em pânico. Mandar seus filhos para a escola ou ficar em casa? O pavor levou um pai a pedir para que o filho repetisse o ano pois, no dizer dele, não havia aprendido o que deveria. A escola se negou. O pai foi à Justiça, e o juiz concedeu seu pedido. A que ponto chegamos!

Nas últimas décadas, a escola esteve baseada no modelo que podemos chamar de escola do ensinar, cujas características mais marcantes são: escola “tamanho único”, padronização, formalização e hierarquização; escola do professor protagonista pela transmissão de saberes socialmente construídos; escola do aluno assimilador, acumulador e reprodutor da informação, agente passivo da aprendizagem; escola que fragmenta e padroniza o conhecimento e padroniza pessoas, escola que considera a aprendizagem apenas em sua dimensão cognitiva-reprodutiva, considera o aluno apenas como indivíduo e não como sujeito da aprendizagem. 

Essa é a escola que fez do professor um transmissor de saberes socialmente construídos, apresentados nos livros e apostilas e propostos em forma de aulas expositivas. 

Essa é a escola que fez do aluno um copiador de informações, cuja atividade principal era responder questionários, fazer listas de exercícios de fixação de forma, muitas vezes, mecânica. Por fim, submeteu o aluno a instrumentos de avaliação da aprendizagem a serem respondidos de forma individual, sem consulta e repetindo informações e problemas que mais mostravam a capacidade de memorização do que a compreensão e a criatividade.

Esse modelo de escola do ensinar precisa ser substituído pelo modelo de escola do aprender, cujas principais características são: o aluno é o protagonista de sua aprendizagem, e o professor é o mediador do processo de interação entre o aluno e os saberes socialmente construídos; ambiente de aprendizagem significativa e criativa; desenvolvimento de competências e de cidadania.

A pandemia causada pela Covid-19 forçou profundas mudanças nas escolas. O professor precisou preparar aulas virtuais para as quais não estava preparado. Os alunos tiveram que procurar informações para soluções de situações complexas, na internet, e não apenas em seus cadernos de anotação. A avaliação da aprendizagem fez com que o aluno tivesse a oportunidade de buscar ajuda não mais da “cola” que utilizava antes, na hora das provas, mas de fontes que facilitassem sua aprendizagem. A prova acabou por se transformar efetivamente em um momento privilegiado de aprendizagem.

 O atual modelo de escola precisa ser repensado. As bases de um novo modelo precisam ser colocadas.

Oferecer subsídios para repensar o papel do aluno, do professor e dos processos de ensino e de avaliação da aprendizagem é o objetivo que nos propomos, por meio das ações desenvolvidas pela VM Consultorias Educacionais. Lives, textos para reflexão, respostas a perguntas angustiantes serão algumas das atividades disponibilizadas aos profissionais da Educação, para sua formação continuada.